quarta-feira, 9 de maio de 2012

AULA PROGRAMADA - 2º ANO - LITERATURA

Leiam a poesia abaixo, que pertence a Gonçalves Dias, poeta da primeira geração do Romantismo. Depois, pesquisem uma poesia de uma das gerações românticas, copiem, postem nos comentários enfatizando a qual geração pertence a poesia, qual autor escreveu e elenquem 3 características da geração escolhida. (atenção não copiem um do outro pois poema repetido terá nota zero). A tarefa constitui nota mensal.

CANÇÃO DO EXÍLIO
Gonçalves Dias

Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossas flores têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. 

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

16 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Golçalves Dias


    Primeira geração do romantismo brasileiro-Indianista/Nacionalista

    Exaltação da patria , Nostalgia e Ufanismo

    Guilherme V.

    ResponderExcluir
  3. Fagundes Varela


    Névoas


    Nas horas tardias que a noite desmaia
    Que rolam na praia mil vagas azuis,
    E a lua cercada de pálida chama
    Nos mares derrama seu pranto de luz,

    Eu vi entre os flocos de névoas imensas,
    Que em grutas extensas se elevam no ar,
    Um corpo de fada — sereno, dormindo,
    Tranqüila sorrindo num brando sonhar.

    Na forma de neve — puríssima e nua —
    Um raio da lua de manso batia,
    E assim reclinada no túrbido leito
    Seu pálido peito de amores tremia.

    Oh! filha das névoas! das veigas viçosas,
    Das verdes, cheirosas roseiras do céu,
    Acaso rolaste tão bela dormindo,
    E dormes, sorrindo, das nuvens no véu?

    O orvalho das noites congela-te a fronte,
    As orlas do monte se escondem nas brumas,
    E queda repousas num mar de neblina,
    Qual pérola fina no leito de espumas!

    Nas nuas espáduas, dos astros dormentes
    — Tão frio — não sentes o pranto filtrar?
    E as asas, de prata do gênio das noites
    Em tíbios açoites a trança agitar?

    Ai! vem, que nas nuvens te mata o desejo
    De um férvido beijo gozares em vão!...
    Os astros sem alma se cansam de olhar-te,
    Nem podem amar-te, nem dizem paixão!

    E as auras passavam — e as névoas tremiam
    — E os gênios corriam — no espaço a cantar,
    Mas ela dormia tão pura e divina
    Qual pálida ondina nas águas do mar!

    Imagem formosa das nuvens da Ilíria,
    — Brilhante Valquíria — das brumas do Norte,
    Não ouves ao menos do bardo os clamores,
    Envolto em vapores — mais fria que a morte!

    Oh! vem; vem, minh'alma! teu rosto gelado,
    Teu seio molhado de orvalho brilhante,
    Eu quero aquecê-los no peito incendido,
    — Contar-te ao ouvido paixão delirante!...

    Assim eu clamava tristonho e pendido,
    Ouvindo o gemido da onda na praia,
    Na hora em que fogem as névoas sombrias
    – Nas horas tardias que a noite desmaia.

    E as brisas da aurora ligeiras corriam.
    No leito batiam da fada divina...
    Sumiram-se as brumas do vento à bafagem,
    E a pálida imagem desfez-se em — neblina!
    CARACTERISTICAS:as sombras,sonho,devaneio,sentimento de morte....

    de:Taiane França...

    ResponderExcluir
  4. amor
    Alvares de Azevedo

    Amemos! Quero de amor
    Viver no teu coração!
    Sofrer e amar essa dor
    Que desmaia de paixão!
    Na tu'alma, em teus encantos
    E na tua palidez
    E nos teus ardentes prantos
    Suspirar de languidez!
    Quero em teus lábio beber
    Os teus amores do céu,
    Quero em teu seio morrer
    No enlevo do seio teu!
    Quero viver d'esperança,
    Quero tremer e sentir!
    Na tua cheirosa trança
    Quero sonhar e dormir!
    Vem, anjo, minha donzela,
    Minha'alma, meu coração!
    Que noite, que noite bela!
    Como é doce a viração!
    E entre os suspiros do vento
    Da noite ao mole frescor,
    Quero viver um momento,
    Morrer contigo de amor!

    caracteristica do byrionismo com melanquonia exerbarcao do amor e o sentimento de tristeza profunda.

    ResponderExcluir
  5. Jéssica

    Poesia de Alvares de Azevedo Segunda geração


    LELIA
    Passou talvez ao alvejar da lua,
    Como incerta visão na praia fria...
    Mas o vento do mar não escutou-lhe
    Uma voz a seu Deus!...ela não cria!

    Uma noite, aos murmúrios do piano
    Pálida misturou um canto aéreo...
    Parecia de amor tremer-lhe a vida
    Revelando nos lábios um mistério!

    Porém, quando expirou a voz nos lábios,
    Ergueu sem pranto a fronte descorada,
    Pousou a fria mão no seio imóvel,
    Sentou-se no divã... sempre gelada!

    Passou talvez do cemitério à sombra
    Mas nunca numa cruz deixou seu ramo,
    Ninguém se lembra de lhe ter ouvido
    Numa febre de amor dizer: "eu amo!"

    Não chora por ninguém... e quando, à noite,
    Lhe beija o sono as pálpebras sombrias
    Não procura seu anjo à cabeceira
    E não tem orações, mas ironias!

    Nunca na terra uma alma de poeta,
    Chorosa, palpitante e gemebunda
    Achou nessa mulher um hino d'alma
    E uma flor para a fronte moribunda.

    Lira sem cordas não vibrou d'enlevo,
    As notas puras da paixão ignora,
    Não teve nunca n'alma adormecida
    O fogo que inebria e que devora!

    Descrê. Derrama fel em cada riso,
    Alma estéril não sonha uma utopia...
    Anjo maldito salpicou veneno
    Nos lábios que tressuam de ironia.

    É formosa contudo. Há dessa imagem
    No silêncio da estátua alabastrina
    Como um anjo perdido que ressumbra
    Nos olhos negros da mulher divina.

    Há nesse ardente olhar que gela e vibra,
    Na voz que faz tremer e que apaixona
    O gênio de Satã que transverbera,
    E o langor pensativo da Madona!

    É formosa, meu Deus! Desde que a vi
    Na minh'alma suspira a sombra dela...
    E sinto que podia nesta vida
    Num seu lânguido olhar morrer por ela.

    Caracteristicas: as sombras, obscuridade,misterios.

    ResponderExcluir
  6. LÁGRIMAS DA VIDA - alvares de azevedo



    Se tu souberas que lembrança amarga
    Que pensamento desflorou meus dias,
    Oh! tu não creras meu sorrir leviano,
    Nem minhas insensatas alegrias!



    Quando junto de ti eu sinto, às vezes,
    Em doce enleio desvairar-me o siso,
    Nos meus olhos incertos sinto lágrimas...
    Mas da lágrima em troco eu temo um riso!



    O meu peito era um templo - ergui nas aras
    Tua imagem que a sombra perfumava...
    Mas ah! emurcheceste as minhas flores!
    Apagaste a ilusão que o aviventava!



    E por te amar, por teu desdém, perdi-me...
    Tresnoitei-me nas orgias macilento,
    Brindei blasfemo ao vício e da minh'alma
    Tentei me suicidar no esquecimento!



    Como um corcel abate-se na sombra,
    A minha crença agoniza e desespera...
    O peito e lira se estalaram juntos...
    E morro sem ter tido primavera!



    Como o perfume de uma flor aberta
    Da manhã entre as nuvens se mistura,
    A minh'alma podia em teus amores
    Como um anjo de Deus sonhar ventura!



    Não peço o teu amor... eu quero apenas
    A flor que beijas para a ter no seio...
    E teus cabelos respirar medroso...
    E a teus joelhos suspirar d'enleio!



    E quando eu durmo... e o coração ainda
    Procura na ilusão tua lembrança,
    Anjo da vida passa nos meus sonhos
    E meus lábios orvalha d'esperança!


    caracteristicas que estão presente nesse poema: a melancolia,egocentrismo,sonho,subjetividade.

    ResponderExcluir
  7. "OS TRÊS DIAS DE UM NOIVADO"



    "Se acaso te não conheces

    Por formosa, ó minha amada,

    Vai à beira de uma fonte,

    E te verás retratada:

    Quando, pelo sol corada,

    A pastar por entre as flores

    O teu rebanho levares;

    Dirão estes lavradores:

    - Ali veio quem faz formosa

    A nossa aldeia ditosa!"



    "Se acaso te não conheces

    Por formoso, ó meu amado,

    Vai às ribeiras do rio,

    E te verás retratado:

    Verás o rio apressado

    Só de inveja suspirar,

    E tua imagem formosa

    Nas ondas querer levar:

    Das raparigas na idéia

    Serás o belo d´Aldeia".



    "Eu sou em tudo ditoso

    E tu linda, ó minha amada;

    Tens os olhos matadores

    Como a rolinha engraçada".

    "É feito de lindas flores

    Nosso ninho, ó meu amado,

    E junto à terna rolinha

    Tu pousarás descansado".



    "Sou um pássaro que luzir

    Vendo d'aurora os encantos,

    Pelo prado alegremente

    Solta seus festivos cantos:

    Eu te adoro, ó minha amada,

    Eu te amo, como a ave

    Ama a luz da madrugada!
    Tu és quem minha alma adora,

    És minha brilhante aurora".



    "Sou a flor, que à noite, o seio

    Fecha às sombras descorada,
    E que o abre a receber

    O pranto da madrugada:

    Eu te amo, como a flor,

    Ao orvalho, que lhe presta

    Mais graça, mais viço e cor:

    Tu tens de meu seio, a posse,

    Tu és meu orvalho doce."



    "Como a bela laranjeira

    Entre as árvores mais airosa,

    Assim é entre as do campo

    A minha amada formosa".



    "Como o cedro na montanha

    Entre as árvores mais airosa,

    Assim é entre os do campo

    O meu amado formoso".

    caracteristicas:Ele retrata a vida do indio e a beleza da india.

    ResponderExcluir
  8. Navio Negreiro
    Era um sonho dantesco!... o tombadilho,
    Que das luzernas avermelha o brilho,
    Em sangue a se banhar.
    Tinir de ferros ... estalar de açoite...
    Legiões de homens negros como a noite,
    Horrendos a dançar...

    Negras mulheres, suspendendo às tetas
    Magras crianças, cujas bocas pretas
    Rega o sangue das mães:
    Outras, moças, mas nuas e espantadas,
    No turbilhão de espectros arrastadas,
    Em ânsia e mágoa vãs!

    E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
    E da ronda fantástica a serpente
    Faz doudas espirais...
    Se o velho arqueja, se no chão resvala,
    Ouvem-se gritos...o chicote estala.
    E voam mais e mais...
    Presa nos elos de uma só cadeia,
    A multidão faminta cambaleia,
    E chora e dança ali!
    Um de raiva delira, outro enlouquece,
    Outro, que de martírios embrutece,
    Cantando, geme e ri!

    No entanto o capitão manda a manobra.
    E após fitando o céu que se desdobra
    Tão puro sobre o mar,
    Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
    "Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
    Fazei-os mais dançar!..."

    E ri-se a orquestra irônica, estridente...
    E da ronda fantástica a serpente
    Faz doudas espirais...
    Qual num sonho dantesco as sombras voam!...
    Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
    E ri-se Satanás!...

    Em Espumas flutuantes.Autor Condeira
    Três caracteristicas:
    Ele celebrizou-se pela força lírica dos poemas em favor da libertação dos escravos.E que os negros queria ser libertados queria ser livres das escravidao e fala de uma critica social.
    mome:pamela linda dos santos.

    ResponderExcluir
  9. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  10. isabelly barbosa 2 ano do ensino medio
    Casimiro de Abreu


    Minh'alma é triste


    Minh'alma é triste como a rola aflita
    Que o bosque acorda desde o alvor da aurora,
    E em doce arrulo que o soluço imita
    O morto esposo gemedora chora.


    E, como a rôla que perdeu o esposo,
    Minh'alma chora as ilusões perdidas,
    E no seu livro de fanado gozo
    Relê as folhas que já foram lidas.


    E como notas de chorosa endeixa
    Seu pobre canto com a dor desmaia,
    E seus gemidos são iguais à queixa
    Que a vaga solta quando beija a praia.


    Como a criança que banhada em prantos
    Procura o brinco que levou-lhe o rio,
    Minha'alma quer ressuscitar nos cantos
    Um só dos lírios que murchou o estio.


    Dizem que há, gozos nas mundanas galas,
    Mas eu não sei em que o prazer consiste.
    — Ou só no campo, ou no rumor das salas,
    Não sei porque — mas a minh'alma é triste!



    II

    Minh'alma é triste como a voz do sino
    Carpindo o morto sobre a laje fria;
    E doce e grave qual no templo um hino,
    Ou como a prece ao desmaiar do dia.


    Se passa um bote com as velas soltas,
    Minh'ahna o segue n'amplidão dos mares;
    E longas horas acompanha as voltas
    Das andorinhas recortando os ares.


    Às vezes, louca, num cismar perdida,
    Minh'alma triste vai vagando à toa,
    Bem como a folha que do sul batida
    Bóia nas águas de gentil lagoa!


    E como a rola que em sentida queixa
    O bosque acorda desde o albor da aurora,
    Minha'ahna em notas de chorosa endeixa
    Lamenta os sonhos que já tive outrora.


    Dizem que há gozos no correr dos anos!...
    Só eu não sei em que o prazer consiste.
    — Pobre ludíbrio de cruéis enganos,
    Perdi os risos — a minh'alma é triste!



    III

    Minh'alma é triste como a flor que morre
    Pendida à beira do riacho ingrato;
    Nem beijos dá-lhe a viração que corre,
    Nem doce canto o sabiá do mato!


    E como a flor que solitária pende
    Sem ter carícias no voar da brisa,
    Minh'alma murcha, mas ninguém entende
    Que a pobrezinha só de amor precisa!


    Amei outrora com amor bem santo
    Os negros olhos de gentil donzela,
    Mas dessa fronte de sublime encanto
    Outro tirou a virginal capela.


    Oh! quantas vezes a prendi nos braços!
    Que o diga e fale o laranjal florido!
    Se mão de ferro espedaçou dois laços
    Ambos choramos mas num só gemido!


    Dizem que há gozos no viver d'amores,
    Só eu não sei em que o prazer consiste!
    — Eu vejo o mundo na estação das flores
    Tudo sorri — mas a minh'alma é triste!



    IV

    Minh'alma é triste como o grito agudo
    Das arapongas no sertão deserto;
    E como o nauta sobre o mar sanhudo,
    Longe da praia que julgou tão perto!


    A mocidade no sonhar florida
    Em mim foi beijo de lasciva virgem:
    — Pulava o sangue e me fervia a vida,
    Ardendo a fronte em bacanal vertigem.


    De tanto fogo tinha a mente cheia!...
    No afã da glória me atirei com ânsia...
    E, perto ou longe, quis beijar a s'reia
    Que em doce canto me atraiu na infância.


    Ai! loucos sonhos de mancebo ardente!
    Esp'ranças altas... Ei-las já tão rasas!...
    — Pombo selvagem, quis voar contente...
    Feriu-me a bala no bater das asas!


    Dizem que há gozos no correr da vida...
    Só eu não sei em que o prazer consiste!
    — No amor, na glória, na mundana lida,
    Foram-se as flores — a minh'alma é triste!

    3 geração : desejo de liberdade , sentimentalismo, expresso em seus poemas é sempre impossível, delicado, platônico e idealizado, entrando em atrito com a pureza, a paixão contida e o receio de corresponder e se entregar à mulher amada.
    isabelly barbosa 2 ano do ensino medio

    ResponderExcluir
  11. Cleiciane

    Alvares de azevedo segunda geração

    RELOGIOS E BEIJOS


    Quem os relógios inventou? Decerto
    Algum homem sombrio e friorento:
    Numa noite de inverno, tristemente
    Sentado na lareira ele cismava,
    Ouvindo os ratos a roer na alcova
    E o palpitar monótono do pulso.

    Quem o beijo inventou? Foi lábio ardente,
    Foi boca venturosa, que vivia
    Sem um cuidado mais que dar beijinhos...
    Era no mês de maio. As flores cândidas
    A mil abriam sobre a terra verde,
    O sol brilhou mais vivo em céu d'esmalte
    E cantaram mais doce os passarinhos.

    Caracteristicas: melancolico, sombrios, sensual

    ResponderExcluir
  12. O NAVIO NEGREIRO

    I

    'Stamos em pleno mar...
    Doudo no espaço
    Brinca o luar — dourada borboleta;
    E as vagas após ele correm... cansam
    Como turba de infantes inquieta.
    'Stamos em pleno mar...
    Do firmamento
    Os astros saltam como espumas de ouro...
    O mar em troca acende as ardentias,
    — Constelações do líquido tesouro...
    'Stamos em pleno mar...
    Dois infinitos
    Ali se estreitam num abraço insano,
    Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
    Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
    'Stamos em pleno mar...
    Abrindo as velas
    Ao quente arfar das virações marinhas,
    Veleiro brigue corre à flor dos mares,
    Como roçam na vaga as andorinhas...
    Donde vem? onde vai?
    Das naus errantes
    Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
    Neste saara os corcéis o pó levantam,
    Galopam, voam, mas não deixam traço.
    Bem feliz quem ali pode nest'hora
    Sentir deste painel a majestade!
    Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
    E no mar e no céu — a imensidade!
    Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
    Que música suave ao longe soa!
    Meu Deus! como é sublime um canto ardente
    Pelas vagas sem fim boiando à toa!
    Homens do mar! ó rudes marinheiros,
    Tostados pelo sol dos quatro mundos!
    Crianças que a procela acalentara
    No berço destes pélagos profundos!
    Esperai! esperai! deixai que eu beba
    Esta selvagem, livre poesia
    Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
    E o vento, que nas cordas assobia...
    ..........................................................
    Por que foges assim, barco ligeiro?
    Por que foges do pávido poeta?
    Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
    Que semelha no mar — doudo cometa!
    Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
    Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
    Sacode as penas, Leviathan do espaço,
    Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

    II

    Que importa do nauta o berço,
    Donde é filho, qual seu lar?
    Ama a cadência do verso
    Que lhe ensina o velho mar!
    Cantai! que a morte é divina!
    Resvala o brigue à bolina
    Como golfinho veloz.
    Presa ao mastro da mezena
    Saudosa bandeira acena
    As vagas que deixa após.
    Do Espanhol as cantilenas
    Requebradas de langor,
    Lembram as moças morenas,
    As andaluzas em flor!
    Da Itália o filho indolente
    Canta Veneza dormente, —
    Terra de amor e traição,
    Ou do golfo no regaço
    Relembra os versos de Tasso,
    Junto às lavas do vulcão!
    O Inglês — marinheiro frio,
    Que ao nascer no mar se achou,
    (Porque a Inglaterra é um navio,
    Que Deus na Mancha ancorou),
    Rijo entoa pátrias glórias,
    Lembrando, orgulhoso, histórias
    De Nelson e de Aboukir.. .
    O Francês — predestinado —
    Canta os louros do passado
    E os loureiros do porvir!
    Os marinheiros Helenos,
    Que a vaga jônia criou,
    Belos piratas morenos
    Do mar que Ulisses cortou,
    Homens que Fídias talhara,
    Vão cantando em noite clara
    Versos que Homero gemeu ...
    Nautas de todas as plagas,
    Vós sabeis achar nas vagas
    As melodias do céu! ...

    III

    Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
    Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
    Como o teu mergulhar no brigue voador!
    Mas que vejo eu aí...
    Que quadro d'amarguras!
    É canto funeral!...
    Que tétricas figuras!...
    Que cena infame e vil...
    Meu Deus! Meu Deus! Que horror!





    Castro Alves

    3° geração
    Liberdade

    Fabio Zanata

    ResponderExcluir
  13. Gabriel da Cunha Dias Merlo

    Se Eu Morresse Amanhã (Álvares Azevedo)

    Se eu morresse amanhã, viria ao menos
    Fechar meus olhos minha triste irmã,
    Minha mãe de saudades morreria
    Se eu morresse amanhã!
    Quanta glória pressinto em meu futuro!
    Que aurora de porvir e que manhã!
    Eu perdera chorando essas coroas
    Se eu morresse amanhã!
    Que sol! que céu azul! que doce n’alva
    Acorda ti natureza mais louçã!
    Não me batera tanto amor no peito
    Se eu morresse amanhã!
    Mas essa dor da vida que devora
    A ânsia de glória, o dolorido afã...
    A dor no peito emudecera ao menos
    Se eu morresse amanhã!

    O poema e melancolino, apresenta caracteristicas sombrias do Byronismo e fala sobre morte e fuga da vidaq.

    ResponderExcluir
  14. VOZES D'ÁFRICA

    Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
    Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
    Embuçado nos céus?
    Há dois mil anos te mandei meu grito,
    Que embalde desde então corre o infinito...
    Onde estás, Senhor Deus?...

    Qual Prometeu tu me amarraste um dia
    Do deserto na rubra penedia
    — Infinito: galé!...
    Por abutre — me deste o sol candente,
    E a terra de Suez — foi a corrente
    Que me ligaste ao pé...

    O cavalo estafado do Beduíno
    Sob a vergasta tomba ressupino
    E morre no areal.
    Minha garupa sangra, a dor poreja,
    Quando o chicote do simoun dardeja
    O teu braço eternal.

    Minhas irmãs são belas, são ditosas...
    Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
    Dos haréns do Sultão.
    Ou no dorso dos brancos elefantes
    Embala-se coberta de brilhantes
    Nas plagas do Hindustão.

    Por tenda tem os cimos do Himalaia...
    Ganges amoroso beija a praia
    Coberta de corais ...
    A brisa de Misora o céu inflama;
    E ela dorme nos templos do Deus Brama,
    — Pagodes colossais...

    A Europa é sempre Europa, a gloriosa!...
    A mulher deslumbrante e caprichosa,
    Rainha e cortesã.
    Artista — corta o mármor de Carrara;
    Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
    No glorioso afã!...

    Sempre a láurea lhe cabe no litígio...
    Ora uma c'roa, ora o barrete frígio
    Enflora-lhe a cerviz.
    Universo após ela — doudo amante
    Segue cativo o passo delirante
    Da grande meretriz.
    ....................................

    Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
    Em meio das areias esgarrada,
    Perdida marcho em vão!
    Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
    talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!
    Não descubras no chão...

    E nem tenho uma sombra de floresta...
    Para cobrir-me nem um templo resta
    No solo abrasador...
    Quando subo às Pirâmides do Egito
    Embalde aos quatro céus chorando grito:
    "Abriga-me, Senhor!..."

    Como o profeta em cinza a fronte envolve,
    Velo a cabeça no areal que volve
    O siroco feroz...
    Quando eu passo no Saara amortalhada...
    Ai! dizem: "Lá vai África embuçada
    No seu branco albornoz... "

    Nem vêem que o deserto é meu sudário,
    Que o silêncio campeia solitário
    Por sobre o peito meu.
    Lá no solo onde o cardo apenas medra
    Boceja a Esfinge colossal de pedra
    Fitando o morno céu.

    De Tebas nas colunas derrocadas
    As cegonhas espiam debruçadas
    O horizonte sem fim ...
    Onde branqueia a caravana errante,
    E o camelo monótono, arquejante
    Que desce de Efraim
    .......................................

    Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
    É, pois, teu peito eterno, inexaurível
    De vingança e rancor?...
    E que é que fiz, Senhor? que torvo crime
    Eu cometi jamais que assim me oprime
    Teu gládio vingador?!
    ........................................

    Foi depois do dilúvio... um viadante,
    Negro, sombrio, pálido, arquejante,
    Descia do Arará...
    E eu disse ao peregrino fulminado:
    "Cam! ... serás meu esposo bem-amado...
    — Serei tua Eloá. . . "

    Desde este dia o vento da desgraça
    Por meus cabelos ululando passa
    O anátema cruel.
    As tribos erram do areal nas vagas,
    E o nômade faminto corta as plagas
    No rápido corcel.

    Vi a ciência desertar do Egito...
    Vi meu povo seguir — Judeu maldito —
    Trilho de perdição.
    Depois vi minha prole desgraçada
    Pelas garras d'Europa — arrebatada —
    Amestrado falcão! ...

    Cristo! embalde morreste sobre um monte
    Teu sangue não lavou de minha fronte
    A mancha original.
    Ainda hoje são, por fado adverso,
    Meus filhos — alimária do universo,
    Eu — pasto universal...

    Hoje em meu sangue a América se nutre
    Condor que transformara-se em abutre,
    Ave da escravidão,
    Ela juntou-se às mais... irmã traidora
    Qual de José os vis irmãos outrora
    Venderam seu irmão.

    Basta, Senhor! De teu potente braço
    Role através dos astros e do espaço
    Perdão p'ra os crimes meus!
    Há dois mil anos eu soluço um grito...
    escuta o brado meu lá no infinito,
    Meu Deus! Senhor, meu Deus!!...

    Castro Alves


    3° geração
    Liberdade dos negros

    Guilherme V

    ResponderExcluir
  15. luana gabriela
    “Só tu, Senhor, só tu no meu deserto
    Escutas minha voz que te suplica;
    Só tu, nutres minha alma de esperança;
    Só tu, oh meu Senhor, em mim derramas
    Torrentes de harmonia, que me abrasam.
    Qual órgão, que ressoa mavioso,
    Quando segura mão lhe oprime as teclas,
    Assim minha alma quando a ti se achega
    Hinos de ardente amor disfere grata:
    E, quando mais serena, ainda conserva
    E flúvios deste canto, que me guia
    No caminho da vida áspero e duro.
    Assim por muito tempo reboando
    Vão no recinto do sagrado templo
    Sons, que o órgão soltou, que o ouvido escuta".

    Gonçalves Dias primeira geração
    Caracteristicas: religiao, e tradiçoes de uma forma geral

    ResponderExcluir
  16. Canção do Africano

    Lá na úmida senzala,
    Sentado na estreita sala,
    Junto ao braseiro, no chão,
    Entoa o escravo o seu canto,
    E ao cantar correm-lhe em pranto
    Saudades do seu torrão ...

    De um lado, uma negra escrava
    Os olhos no filho crava,
    Que tem no colo a embalar...
    E à meia voz lá responde
    Ao canto, e o filhinho esconde,
    Talvez pra não o escutar!

    "Minha terra é lá bem longe,
    Das bandas de onde o sol vem;
    Esta terra é mais bonita,
    Mas à outra eu quero bem!

    "0 sol faz lá tudo em fogo,
    Faz em brasa toda a areia;
    Ninguém sabe como é belo
    Ver de tarde a papa-ceia!

    "Aquelas terras tão grandes,
    Tão compridas como o mar,
    Com suas poucas palmeiras
    Dão vontade de pensar ...

    "Lá todos vivem felizes,
    Todos dançam no terreiro;
    A gente lá não se vende
    Como aqui, só por dinheiro".

    O escravo calou a fala,
    Porque na úmida sala
    O fogo estava a apagar;
    E a escrava acabou seu canto,
    Pra não acordar com o pranto
    O seu filhinho a sonhar!

    O escravo então foi deitar-se,
    Pois tinha de levantar-se
    Bem antes do sol nascer,
    E se tardasse, coitado,
    Teria de ser surrado,
    Pois bastava escravo ser.

    E a cativa desgraçada
    Deita seu filho, calada,
    E põe-se triste a beijá-lo,
    Talvez temendo que o dono
    Não viesse, em meio do sono,
    De seus braços arrancá-lo!

    Castro Alves
    3ª Geração: Condoreira ou Social
    Sentimentos liberais e abolicionistas.

    Carol Riga

    ResponderExcluir